"A compreensão crítica que expresso em relação a algumas das correntes fundamentais das correntes teóricas pós-modernistas se dá, por um lado, a partir da leitura de várias obras de autores referenciais como: Jean François Lyotard (1924-1998), na sua "A condição pósmoderna" (LYOTARD, 2000); BOAVENTURA DE SOUSA SANTOS, em "Pela mão de Alice: o social e o político na pós-modernidade." (SANTOS, 1999); Jacques Derrida (1930-2004), Pensar a desconstrução (DERRIDA, 2005); Gilles Deleuze (1925-1995) e Felix Guattari em Mil Platôs: Capitalismo e esquizofrenia. (DELEUZE; GUATTARI, 2007). Por outro lado, a compreensão acima expressa acerca das principais vertentes do pensamento pósmodernista também se construiu, por exemplo, a partir da leitura e reflexão das obras de: (DOSSE, 1993), (WOOD;FOSTER, ORGS. 1999); HARVEY (2004); (EAGLETON ,2005), (SOKAL; BRICMONT, 2006). Aliás, estes últimos mostraram, de maneira insofismável no livro em questão, mais uma característica marcante de vários teóricos matriciais do pensamento pós-modernista: o charlatanismo intelectual empolado com falso conhecimento sobre questões científicas a respeito das quais não tinham o menor domínio. Sokal e Bricmont apresentaram de maneira cristalina os termos absurdos e, por vezes, bizarros que esses autores se apropriam e “abusaram repetidamente da terminologia e de conceitos científicos: tanto utilizando-se de idéias científicas totalmente fora de contexto, sem dar a menor justificativa [...] quanto atirando jargões científicos na cara de seus leitores não-cientistas, sem nenhum respeito pela sua relevância ou mesmo pelo seu sentido.” (2006, p. 10). Essas “imposturas intelectuais”, afirmam Sokal e Bricmont, estão no âmago da compreensão teórica que esses autores entendem por ciência. Segundo seus termos precisos: “vastos setores das ciências sociais e das humanidades parecem ter adotado uma filosofia que chamaremos, à falta de melhor termo, de ‘pós-modernismo’: uma corrente intelectual caracterizada pela rejeição mais ou menos explícita da tradição racionalista do Iluminismo, por discursos teóricos desconectados de qualquer teste empírico, e por um relativismo cognitivo e cultural que encara a ciência como nada mais que uma ‘narração’, um ‘mito’ ou uma construção social entre outras”. (ibid, p. 15, grifos meus). Em oposição frontal às imposturas que trazem à tona, os autores querem fundamentalmente mostrar que: “Nossa meta é precisamente dizer que o rei está nu (e a rainha também). Porém queremos deixar claro: não investimos contra a filosofia, as humanidades ou as ciências sociais em geral; pelo contrário, consideramos que estes campos do conhecimento são da máxima importância e queremos prevenir aqueles que trabalham nessas áreas (especialmente estudantes) contra alguns casos manifestos de charlatanismo. Em especial queremos ‘desconstruir’ a reputação que certos textos têm de ser difíceis em virtude de as idéias ali contidas serem muito profundas. Iremos demonstrar, em muitos casos, que, se os textos parecem incompreensíveis, isso se deve à excelente razão que não querem dizer absolutamente nada.” (ibid, p. 19, itálicos do autor e grifos meus). Os teóricos analisados pormenorizadamente por Sokal e Jean Bricmont foram: o médico, psicanalista e filósofo francês, Jacques Lacan (1901-1981), a filósofa búlgara Julia Kristeva (1941-), a filósofa e feminista belga Luce Irigaray (1932-), o filósofo e professor francês da Universidade da Escola Superior de Paris Bruno Latour (1947-), o sociólogo francês Jean Baudrillard (1929-2007), o filósofo e historiador de filosofia Gilles Deleuze, Félix Guattari e o filósofo e urbanista francês Paul Virilio (1932-)."LAZARINI, A.Q. A RELAÇÃO ENTRE CAPITAL E EDUCAÇÃO ESCOLAR NA OBRA DE DERMEVAL SAVIANI: Apontamentos Críticos. Tese de doutorado, 2010, UFSC.
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Não sei se concordo com tudo, pois não tenho leituras mais profundas desses autores, mas não deixo de sentir cheiro de enxofre diante de outros... Já leram "O homem de areia", de Hoffmann? Tal como nesse bárbaro conto, parece haver alguns alquimistas por aí, misturando seus compostos com a eficiente cola proporcionada pela imaginação dos jovens, dos esnobes e dos incautos em geral. Mais ou menos como disse o Zé Paulo Netto: se um matemático diz que 2 + 2 = 5, ele é sumariamente rechaçado. Se um cientista social diz que as classes sociais vivem em harmonia, ganha alguma medalha.
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Já disse James Joyce: "manter os doutores ocupados é o único modo de alcançar a imortalidade". Mas ele, ao contrário de alguns desses teóricos aí em cima, nunca pretendeu nada além da ficção.
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Quando um cidadão erudito do século XVII começava a transitar entre três ou quatro campos de conhecimento, chamava-se sábio. Hoje, chamamo-lo charlatão. Quem aguenta até com o seu próprio campo? Mas, assim, as coisas são bem menos divertidas.
Joyce (aqui fotografado num momento dândi) zoou gerações de acadêmicos e seus óculos menos míopes, obrigando-os não a criticá-lo, mas sim a se fustigarem mutuamente com suas varas de marmelo. O troféu: quem parece menos burro ao ler Finnegan´s Wake? Enquanto isso, o povo morre de fome, ali mesmo no vão da porta (ah, mas por que eu disse isso, se eu também fico em casa lendo textos?). Close na Chapeuzinho caindo na conversa do Lobo Mau, meio toscamente desenhado.