Prezados docentes, alunos e funcionários dos cursos de Ciências Biológicas, Filosofia e Química:
Escrevo-lhes para informar que acatei a decisão de greve para o dia 11/06/12, deliberada na assembléia de 06/06/12 realizada no teatro da EMAC. A decisão se deu principalmente pela luta contra o plano de carreira proposto pelo governo, a ser votado em agosto, que prejudica em muito a carreira docente, não apenas pela intensificação da lógica do mercado na Universidade pública, estimulando a competitividade entre os pares, tirando a autonomia na gratificação por projetos, etc., como também pelo enorme aumento dos degraus na progressão da carreira. Hoje o doutor entra como professor adjunto I, mas a partir da aprovação do novo plano, todos (especialista, mestre, ou doutor), entrarão como auxiliar. Aí é auxiliar I, II, III, IV, assistente I, II, III, IV, depois adjunto I, II, III, IV, e quem sabe, associado I, II, III, IV e titular. Ou seja, no novo plano de carreira, o doutor que ingressar no Magistério Superior pode demorar 16 anos para se tornar adjunto I. E o doutor que ingressar com mais de 40 anos dificilmente chegará ao topo da carreira, pois se aposentará antes de ser associado. É claro, há muitas outras questões complicadas no plano, mas imagino que já tenham entrado em contato com ele.
Foi uma assembléia conflituosa e que assustou tanto pelo despreparo político da presidente da ADUFG quanto por seu descompromisso com os representados. Afinal, nós, docentes, deixamos as nossas atividades para nos apresentarmos em massa no auditório da EMAC - e, por fim, ouvimos que ela cancelava a Assembleia porque havia filiados da ADUFG em pé, enquanto não-filiados estavam sentados (vejam só que interpretação literal da ideia de "assento"!), não obstante todos os filiados pudessem ser distinguidos pelos cartões de votação recebidos na porta do auditório. Mais de 400 docentes estavam presentes. Nossa categoria tem apenas um sindicato local, e entendo que, justamente pela falta de opções de sindicalização, a ADUFG deve representar a todos os trabalhadores das IFES locais.
Parte da diretoria da ADUFG abandonou a assembléia, mas os professores do fórum de mobilização dos professores da UFG (http://professoresufgnaluta.blogspot.com.br/) acalmaram a plenária para continuamos a discussão. Tudo isso pode ser visto no vídeo filmado por um dos participantes:
http://www.youtube.com/watch?v=EtZBLqojQto
E esse vídeo contradiz a versão propagada no site da ADUFG (http://www.adufg.org.br/adufg/noticias.php?id=2992).
Foi após encerrar a Assembleia é que as pessoas subiram ao palco para tentar pegar o microfone. A ADUFG, em seu site, sustenta que: “Neste momento a mesa foi tomada de assalto por pessoas descontroladas, culminando com a agressāo física à Diretora Presidente da ADUFG SINDICATO e ao professor João de Deus (IESA), ex-presidente da entidade e membro da diretoria executiva do PROIFES-FEDERAÇÃO”. Esta parte também é falsa, pois a presidente da ADUFG em nenhum momento foi agredida fisicamente; no vídeo pode-se ver que ela sai da mesa-diretora sem interagir com as pessoas, sem ser agredida e foi um diretor da ADUFG que iniciou a agressão. A direção da ADUFG mandou a equipe de som desmontar o equipamento e tivemos que fazer grande parte da assembléia sem microfone e amplificação.
Como filiada da ADUFG, fiquei indignada pela ação da diretoria e pela nota publicada no site. Acrescento outros motivos de crítica à diretoria do sindicato: primeiro, permitiu-se aos docentes não-filiados entrarem no auditório para depois proibi-los de compor a Assembleia, que foi marcada em um local pequeno demais para receber mesmo os filiados.
Por todas essas razões apoio a greve como forma de pressionar o governo para a modificação do plano de carreira e instalação de nova mesa de negociação com as entidades sindicais docentes (ANDES e PROIFES). E por isso que a partir do dia 11/06/12 suspendo minhas aulas nas licenciaturas (e também o trabalho no curso de psicologia, onde os alunos já deliberaram greve na última sexta).
Comprometo-me, assim que acabar a greve, a reunir-me com as coordenações de curso e a turma de alunos para organizar o processo de reposição das aulas que faltam.
Eu ficaria bastante grata se essa mensagem pudesse ser repassada à comunidade ICB, IQ e FAFIL (docentes, funcionários e estudantes), porque considero que o momento é propício para discutirmos os rumos da Universidade e das políticas de Ciência e tecnologia de forma aberta, respeitosa, sincera e sobretudo, ética, ultrapassando fronteiras de formação e compondo uma massa crítica capaz de defender o caráter público de nosso trabalho, em sua enorme importância para a sociedade brasileira.
Atenciosamente,
Gisele Toassa (recompondo a mensagem original do professor Domenico Hur)
PS: A próxima assembléia de professores foi marcada para quinta-feira, 14/06, às 14h com local a ser confirmado.