segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

No horizonte nu e pobretão do hábito

... o herege fez-se cinzas.
Seus ossos gelam, e a correção é abominada,
porque o Mundo está feliz:
desconexão, rotações perdidas;
geleira estúpida, ah, estúpida!
despreocupada com isto-ou-aquilo:
derrete.

Mas os narizes fedem,
sarcásticos;
Torcidos entre excessos do inodoro;
Apanhados de saberes pernósticos;
Teimando um mundo a seu prazer;
Tribunais de Contas da chatice comungada.

E toda a repetição é aborrecida;
E toda solidariedade só pode ser incompreensão;
E amar é só ter um brinquedo interessantíssimo;
Cujo funcionamento não entendemos de todo.

O mundo não é só descoberta,
um mero palhaço das crianças!
Não finja existir uma nova América:
com que proveito ser Colombo?!
Aqueles chapéus de bico e o escorbuto?!
É simples ser gênio dos sonhos pisados;
Retalhando os últimos sopros de imaginação,
no horizonte nu e pobretão do hábito.

“Of night and light and the half-light,
I would spread the cloths under your feet:
But I, being poor, have only my dreams;
I have spread my dreams under your feet;
Tread softly because you tread on my dreams.”
W.B. Yeats, He Wishes For The Cloths Of Heaven

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