Olá, pessoal!
Como parte das atividades de Psicologia da Educação II na UFG, dois grupos de meus alunos estão mantendo blogs sobre ensino de ciências, com posts, links e outros materiais.
"Bloco F" é o da Química, http://oblocof.blogspot.com/ e "Dinpa", o das Ciências Biológicas, http://dinpa.blogspot.com/.
Psicologia, educação, política, literatura, cinema e outras idéias e opiniões que podem não ter conexão entre si. Tipo a Gisela.
sábado, 26 de novembro de 2011
sábado, 19 de novembro de 2011
Uma grunge na colônia
Então, estive nesse Congresso. De um ponto de vista antropológico, sempre me interessou essa ordem social composta por professor@s de pós-graduação e seus grupos de pesquisa, alun@s que, como abelhinhas, esvoaçam ao seu redor, ansiando por agradar. Sessões de comunicação com um público variando de 15 a 30 pessoas, grupos rivais bastante territoriais. Certa pessoa da platéia demonstra preferência por autor rival, e ess@s alun@s imediatamente declaram a preferência por seu próprio autor e, tal crianças frente à figura de apego, olham imediatamente para a líder em busca de aprovação.
O fator sobrevivência, em muitos casos, é o que mais pesa. Em áreas de pobre empregabilidade, tornar-se professor universitário é bastante sedutor. Muit@s enfrentam anos de longas viagens, com bolsas ou empregos que @s mantêm nos estritos limites da sobrevivência, chegando a misturar a jornada de chefes de família, trabalhadores e pós-graduandos. E, ainda por cima, são obrigados a inserir os nomes de seus orientadores em pesquisas nas quais eles não contribuem.
Muit@s orientador@s não tomam conhecimento desse cotidiano dos pós-graduandos, sequios@s por multiplicar seu poder de estilo colonial, tão longe da democracia quanto a USP está hoje - a principal universidade brasileira ´está vergonhosamente escorchada pelo seu próprio reitor, forte indício de como nosso Estado, e consequentemente, a produção de conhecimento, organiza-se.
Nesse Congresso, chamou-me a atenção o tom de voz áspero e grosseiro de uma orientadora em particular, sua ansiedade por satisfazer os pesquisadores estrangeiros e demonstrar seu domínio intelectual sobre um pequeno grupo de orientandos que variava da vulnerabilidade a uma silenciosa resignação. No cúmulo da loucura, tem-se uma preocupação obsessiva com a ortofonia e a ortoteoria: como se pronuncia tal nome? O que tal autor realmente quis dizer? E que tem lá seu fundamento, pois se faz em um contexto no qual - cientes do fato de que são poucos os que dominam idiomas herméticos (como russo e alemão) - muitos intérpretes alteram o pensamento dos mestres estrangeiros a seu bel-prazer. Malefícios da Universidade pensada fundamentalmente como local de tradução e interpretação, na qual os recursos para pesquisa são invariavelmente escassos.
Essa coisa toda é meio colonialista e me chama a atenção para o fato de que o tamanho dos grupos varia proporcionalmente à simpatia do orientador, e os indivíduos realmente sociáveis e humanos constituem grupos amplos, plateias que acabam devotando-lhes verdadeira adoração, elemento que ocasionalmente serve a quebrar os muros Universidade-sociedade e servir a boas causas.
Mas, falando no geral, ess@s orientador@s, restritos ao seguro ambiente acadêmico, marcam-se por uma notável falta de realismo. Ressalto o momento no qual estava em pé dentro do ônibus que levaria os congressistas para o centro da cidade, quando entra uma figura importante da psicologia nacional - a qual não me conhecia - entra e diz, com um tom de quem há muito tempo não ouve uma frase negativa: "vão indo!".
Mas não dava. A Universidade brasileira é mesmo um busão lotado, mas com ar condicionado.
---
Intelectualmente, vejo problemas nessa organização. Lembro-me de um Manifesto do Miguel Nicolelis, em que ele critica a hierarquização da universidade brasileira, comentando que no exterior você tem o dever de defender teses originais e criar conceitos. Pensar de modo criativo demanda cooperação e liberdade. O amor às hierarquias acabou gerando certa estagnação na produção intelectual, pois os grupos preocupam-se muito mais em não ofender mutuamente seus orientadores, que por sua vez preocupam-se em ser nutridos por seus contatos internacionais e em não romper (ou não azedar por completo) as alianças com grupos nacionais.
Também eu, é claro, carrego em minha consciência nossa história de colonização. Mas tive a boa sorte de que minha primeira camada 'metropolina' tenha sido feita de Nirvana, gestada nos terríveis subúrbios de Aberdeen e não nas fulgurantes luzes de New York. E quando me lembro daquele pequeno grupo da orientadora de tom áspero, se me evoca esse grande clássico de Kurt Cobain, desejando mais do que nunca ter tido a chance de me acabar em uma plateia grunge, perante o meu verdadeiro ídolo de adolescência tardia. Quiçá possa alcançar a integridade, a verve e o amor pela verdade que muitos nunca lhe reconheceram, confundidos pelos caracteres acidentais da heroína e do suicídio:
O fator sobrevivência, em muitos casos, é o que mais pesa. Em áreas de pobre empregabilidade, tornar-se professor universitário é bastante sedutor. Muit@s enfrentam anos de longas viagens, com bolsas ou empregos que @s mantêm nos estritos limites da sobrevivência, chegando a misturar a jornada de chefes de família, trabalhadores e pós-graduandos. E, ainda por cima, são obrigados a inserir os nomes de seus orientadores em pesquisas nas quais eles não contribuem.
Muit@s orientador@s não tomam conhecimento desse cotidiano dos pós-graduandos, sequios@s por multiplicar seu poder de estilo colonial, tão longe da democracia quanto a USP está hoje - a principal universidade brasileira ´está vergonhosamente escorchada pelo seu próprio reitor, forte indício de como nosso Estado, e consequentemente, a produção de conhecimento, organiza-se.
Nesse Congresso, chamou-me a atenção o tom de voz áspero e grosseiro de uma orientadora em particular, sua ansiedade por satisfazer os pesquisadores estrangeiros e demonstrar seu domínio intelectual sobre um pequeno grupo de orientandos que variava da vulnerabilidade a uma silenciosa resignação. No cúmulo da loucura, tem-se uma preocupação obsessiva com a ortofonia e a ortoteoria: como se pronuncia tal nome? O que tal autor realmente quis dizer? E que tem lá seu fundamento, pois se faz em um contexto no qual - cientes do fato de que são poucos os que dominam idiomas herméticos (como russo e alemão) - muitos intérpretes alteram o pensamento dos mestres estrangeiros a seu bel-prazer. Malefícios da Universidade pensada fundamentalmente como local de tradução e interpretação, na qual os recursos para pesquisa são invariavelmente escassos.
Essa coisa toda é meio colonialista e me chama a atenção para o fato de que o tamanho dos grupos varia proporcionalmente à simpatia do orientador, e os indivíduos realmente sociáveis e humanos constituem grupos amplos, plateias que acabam devotando-lhes verdadeira adoração, elemento que ocasionalmente serve a quebrar os muros Universidade-sociedade e servir a boas causas.
Mas, falando no geral, ess@s orientador@s, restritos ao seguro ambiente acadêmico, marcam-se por uma notável falta de realismo. Ressalto o momento no qual estava em pé dentro do ônibus que levaria os congressistas para o centro da cidade, quando entra uma figura importante da psicologia nacional - a qual não me conhecia - entra e diz, com um tom de quem há muito tempo não ouve uma frase negativa: "vão indo!".
Mas não dava. A Universidade brasileira é mesmo um busão lotado, mas com ar condicionado.
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Intelectualmente, vejo problemas nessa organização. Lembro-me de um Manifesto do Miguel Nicolelis, em que ele critica a hierarquização da universidade brasileira, comentando que no exterior você tem o dever de defender teses originais e criar conceitos. Pensar de modo criativo demanda cooperação e liberdade. O amor às hierarquias acabou gerando certa estagnação na produção intelectual, pois os grupos preocupam-se muito mais em não ofender mutuamente seus orientadores, que por sua vez preocupam-se em ser nutridos por seus contatos internacionais e em não romper (ou não azedar por completo) as alianças com grupos nacionais.
Também eu, é claro, carrego em minha consciência nossa história de colonização. Mas tive a boa sorte de que minha primeira camada 'metropolina' tenha sido feita de Nirvana, gestada nos terríveis subúrbios de Aberdeen e não nas fulgurantes luzes de New York. E quando me lembro daquele pequeno grupo da orientadora de tom áspero, se me evoca esse grande clássico de Kurt Cobain, desejando mais do que nunca ter tido a chance de me acabar em uma plateia grunge, perante o meu verdadeiro ídolo de adolescência tardia. Quiçá possa alcançar a integridade, a verve e o amor pela verdade que muitos nunca lhe reconheceram, confundidos pelos caracteres acidentais da heroína e do suicídio:
Nirvana, Serve the servants, MTV [Live]
terça-feira, 15 de novembro de 2011
Relatório da pesquisa: "Breve análise de orçamento para crianças e adolescentes no Estado de São Paulo"
"1. Introdução
Para conferir o relatório completo desta pesquisa, realizada entre 2008-2009, clique aqui.
A LDO 2008, Art. 2, estabelece como metas e prioridades da ação estatal a “I - redução das desigualdades sociais e melhoria da qualidade de vida da população; II - geração de emprego e renda e preservação dos recursos naturais; III - garantia da segurança pública e promoção dos direitos humanos.” (ESTADO DE SÃO PAULO, 2007a, p.5).
Mas será que essas resoluções têm sido realmente cumpridas? Podemos começar um esboço de resposta a esta indagação pela análise do orçamento estadual dirigido à criança e ao adolescente. E pensar nele como um importante termômetro das políticas de promoção da igualdade e justiça social no Estado...
O orçamento dos Estados é regulado por três leis: PPA (Plano Plurianual – de 4 anos, atualmente: 2008-2011); LDO (Lei de Diretrizes Orçamentárias – Anual) e LOA (Lei Orçamentária Anual, que integra os outros dois documentos, PPA e LDO). Este texto visa a analisar o principal dispositivo orçamentário, cujo papel é integrar e detalhar os outros dois, completando o ciclo orçamentário: a LOA/2008, publicada em dezembro de 2007 (Estado de São Paulo, 2007b). A lei é de importância visceral, embora sua análise conte com uma bibliografia, mesmo eletrônica, surpreendentemente escassa."
Para conferir o relatório completo desta pesquisa, realizada entre 2008-2009, clique aqui.
terça-feira, 8 de novembro de 2011
Contra a criminalização do movimento estudantil!
Assine a petição: Contra a ocupação militar no campus da USP.
Caros alunos e colegas da UFG:
O que ocorreu essa madrugada na USP foi um terrível ato de barbárie: a PM não tem que estar no campus, e o convênio reitoria-PM expressa bastante bem a completa falta de democracia existente na USP desde a ditadura. O reitor Rodas não foi eleito pela maioria da comunidade universitária, não gozando de nenhuma legitimidade política para suas ações. Com que, então, a PM entrou para "proteger" a todos e, de repente, prende 70 estudantes? Observadores no interior da universidade percebem que havia lá uma busca ativa por usuários de maconha, coisa que a PM paulista não faz em lugar algum. Esse convênio é um ato político de repressão, e não uma ação de segurança.
Estudei na USP na graduação e doutorado, visitei a ocupação de 2007 e fiquei comovida ao constatar o cuidado com que os alunos zelaram pelo bem público, bem como sua coragem de resistir por mais de um mês.
A agressão perpetrada pela PM é um ato que fere não só a comunidade USP, mas também todo o movimento estudantil e, por extensão, outros movimentos sociais - já tão duramente golpeados nos últimos tempos. É hora de desencadear manifestações de apoio aos estudantes da USP e mostrar que estamos mais vivos do que pensa o stablishment.
Gostaria de recomendar a vocês visita às páginas: http://www.facebook.com/DCEdaUSP e http://www.adusp.org.br/# , http://ler-qi.org/, pois, pesquisando na internet, fiquei profundamente impressionada com a tendenciosidade dessa imprensa que aí está. Não nos deixemos enganar, protestemos!
Caros alunos e colegas da UFG:
O que ocorreu essa madrugada na USP foi um terrível ato de barbárie: a PM não tem que estar no campus, e o convênio reitoria-PM expressa bastante bem a completa falta de democracia existente na USP desde a ditadura. O reitor Rodas não foi eleito pela maioria da comunidade universitária, não gozando de nenhuma legitimidade política para suas ações. Com que, então, a PM entrou para "proteger" a todos e, de repente, prende 70 estudantes? Observadores no interior da universidade percebem que havia lá uma busca ativa por usuários de maconha, coisa que a PM paulista não faz em lugar algum. Esse convênio é um ato político de repressão, e não uma ação de segurança.
Estudei na USP na graduação e doutorado, visitei a ocupação de 2007 e fiquei comovida ao constatar o cuidado com que os alunos zelaram pelo bem público, bem como sua coragem de resistir por mais de um mês.
A agressão perpetrada pela PM é um ato que fere não só a comunidade USP, mas também todo o movimento estudantil e, por extensão, outros movimentos sociais - já tão duramente golpeados nos últimos tempos. É hora de desencadear manifestações de apoio aos estudantes da USP e mostrar que estamos mais vivos do que pensa o stablishment.
Gostaria de recomendar a vocês visita às páginas: http://www.facebook.com/DCEdaUSP e http://www.adusp.org.br/# , http://ler-qi.org/, pois, pesquisando na internet, fiquei profundamente impressionada com a tendenciosidade dessa imprensa que aí está. Não nos deixemos enganar, protestemos!
terça-feira, 1 de novembro de 2011
Lançamento de meu livro: 6º Congresso de Psicologia UFG/ VIII CBPD
O lançamento ocorrerá nos eventos:
VI Congresso de Psicologia da UFG: 03/11, às 19h00, Faculdade de Educação, Goiânia, GO.
VIII Congresso Brasileiro de Psicologia do Desenvolvimento, Brasília, 14/11 (às 20h00) - no Saguão das Livrarias.
Conto com a presença dos amigos, colegas, alunos, ex-alunos e toda a população mundial que não se enquadre nas categorias anteriores.
Abraço,
Gisele
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SINOPSE DO LIVRO
Acaba de sair de gráfica mais um lançamento da Papirus Editora: Emoções e vivências em Vigotski, de Gisele Toassa.
Desde a década de 1950 as produções do bielorrusso Lev Semionovich Vigotski (1896-1934) vêm se tornando conhecidas no debate sobre pensamento, linguagem, desenvolvimento e aprendizagem escolar. Mais recentemente viu-se crescer também o interesse por outras dimensões de sua psicologia, como o estudo das emoções e vivências humanas, conceitos explorados aqui como partes da formação da personalidade e da consciência.
Filosofia, psicologia do desenvolvimento, psicologia da arte e neurociências são alguns dos campos de pesquisa abordados, por meio de reflexões sobre a obra do autor - desde A tragédia de Hamlet, príncipe da Dinamarca, seu primeiro livro, até Pensamento e linguagem, publicado no ano de sua morte.
Buscando respeitar a diversidade e a riqueza da concepção de Vigostski, este livro será de interesse a psicólogos, educadores, artistas, linguistas e outros simpatizantes do legado desse autor.
Emoções e vivências em Vigotski
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Filosofia, psicologia do desenvolvimento, psicologia da arte e neurociências são alguns dos campos de pesquisa abordados, por meio de reflexões sobre a obra do autor - desde A tragédia de Hamlet, príncipe da Dinamarca, seu primeiro livro, até Pensamento e linguagem, publicado no ano de sua morte.
Buscando respeitar a diversidade e a riqueza da concepção de Vigostski, este livro será de interesse a psicólogos, educadores, artistas, linguistas e outros simpatizantes do legado desse autor.
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288 pp.
R$ 59,90
Abraço,
Gisele
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"Nada estimo mais, entre todas as coisas que não estão em meu poder, do que adquirir aliança de amizade com homens que amem sinceramente a verdade" (Espinosa)
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