sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

Grandes pesadelos


* Bom inventário de pesadelos é esse aqui: 



* Sonho quase-desperta: estou cuspindo cacos de vidro. Mas não os tinha engolido antes.
*Desço na Consolação, com a promessa de encontrar o Edu em algum momento, mas desisto  ou sei com certeza absoluta que ele não vem. Tenho fome e não há sequer um tostão em meu bolso. Ando para lá e para cá. A multidão passa e vai escurecendo. No fim, estou sozinha, absolutamente sozinha, em frente ao cemitério da Consolação, mas do outro lado da rua. Desamparo além das palavras.
Foi estranho, certa noite, sentir aranhas e pequenos morcegos passando por dentro da pele.
* Uma dançarina remexendo-se em torno de um ponto fixo, um pé doente. São piruetas, volteios. Ela é só uma linha contrastando com um plano-de-fundo em tons de cinza.  



domingo, 9 de dezembro de 2012

Minha conversa com o Diabo






Acima, veja as várias formas que o Diabo pode assumir, contrastando com o bem absoluto na forma de um cãozinho


“O que é o mal?”, taí uma questão que sempre me intrigou. Resolvi chamá-lo em pessoa, para que me respondesse. Ele, o capeta, o coisa-ruim, o diabo.
A expressão, debochada e cínica. Não era feio, mas repelente e, tal como no Fausto, mancava um pouco. Um tanto quanto mal-educado, entrou em meu quarto na hora de dormir e se sentou em minha cadeira preferida (aliás, a única).
Gi: Boa noite. Creio que já nos conhecemos.
Diabo: Sim, de outros tormentos (examina minha estante). Você tem bom gosto literário, mas seus livros técnicos não combinam entre si.
Gi: Vamos cortar este papo. Explique-me o que é você.
Diabo: Bem, eu diria que esta sua invectiva não foi muito polida. Mas sim, vamos lá (abre meu minidicionário e lê) “Mal. sm. 1. O que é nocivo, prejudicial, mau. 2. O que se opõe ao bem, à virtude e à honra. 3. Enfermidade. 4. Desgraça. 5. Prejuízo.”
Satisfeita? Sei que você já pensava algo assim. Quanto a mim, não passo de um símbolo.
Gi (Em crise): Isto é um pouco superficial, não acha?
Diabo: Compre um melhor dicionário.
Gi: Quero saber o que é o mal para não pensar nele nem praticá-lo. Deve haver algum sinal secreto. Quando eu acreditava em você, bem como em Deus, as coisas eram mais simples. O mal era a desobediência, a agressão e a morte. O desdém, a libertinagem. Era não pagar contas, não ajudar o próximo, beber, ir para a cadeia e decepcionar os pais. Agora não sei.
Diabo: Esse aí é o mal cristão. Família, obediência, propriedade. Você mudou de vida. E veja, policiamentos não adiantam muito. A ocasião faz o ladrão. Be yourself, that´s the question. Mal, bem, tudo acaba em excrementos e vermes... Podridão do túmulo, se você visse, é até legal...
Gi: Isto é para sujeitos sem vontade própria. Gosto de manter em mãos as rédeas da minha vida. Mas já não sei o que é mal imaginário e mal-real.
Diabo: Hum, hum (espia, de longe, gavetas secretas). Você está pensando de modo maniqueísta. Precisaria viver melhor, ser livre dos seus controles internos, é isso. Fica aí, parada um domingo inteiro, pensando no que é o mal, que coisa tonta. Não vai querer ser má, se for feliz. Comprei um pacote de massagens que é miraculoso, menina, vc tem que tentar...
Gi: Ser livre e ser má são coisas diferentes. Talvez sejam mesmo opostas. Prazer e bem também não se igualam. Exemplo: se eu abrir “O Evangelho Segundo Jesus Cristo”, esperar uma mosquinha pousar nele, e matá-la, aí eu estaria fazendo o mal. Sou livre para fazer isto ou não, bem como para deixar de fazer outras coisas más ou boas. Mas, de fato, ser minimamente bom implica em admitir-se que não se é inteiramente livre de viver em sociedade, fazemos o bem não só pelo outro, mas também pela troca... nisso tudo existe um comércio afetivo complicado. É por isso que eu gosto de gente generosa, gente que dá, simplesmente, não pede nada nem quer nada.
Diabo: Livro bom para matar coisas.
Gi: É, mas um pouco solene e pomposo demais. 
Diabo: Olha aí, vc já está falando mal de alguma coisa.
Gi: A idéia de matar moscas foi sua!
Diabo: Que nada, leia sua última fala (Gi volta o texto e percebe que se enganou). Pura maldade.
Gi (suspira): nem tanto... e nem foi criativa.
Diabo: Essa coisa de ser mal é relativa, não existe em si, exceto nos casos mais óbvios. (Enfiando meus velhos óculos na cara) varia por: 1) intensidade/amplitude; 2) sabor; 3) objetos a que se dirige (mente/corpo; amigos, família, desconhecidos de classe/tamanho/forma diferente de você); 4) instrumentos com que é infligido. Quanto maior é o seu poder, mais profunda é a maldade que pratica. Sem contar que o mal só pode ser aplicado a gente, plantas ou animais, nunca a coisas.
Gi: Até às águas-vivas?
Diabo: Esses bichos já têm um sistema nervoso.
Gi: Acho que nós seguimos uma lógica de porcos-espinhos, sei lá. Schopenhauer disse isso. Eles se reúnem para se aquecer, mas caso se aproximem demais, se machucam. Acho que o mal é algo que se faz por medo ou ignorância do outro. Mas é diferente o mal intencional e o involuntário.
Diabo: Não, não. Isso dos porcos só mostra o contrário; as pessoas se arranham justamente porque se conhecem demais, porque são pequenas e precisam repartir espaço, tempo, coisas assim; porque às vezes sentem ódio e precisam aliviá-lo. Dar uns cutucões faz parte da vida. Você pode ser mal e saber demais. Sade era assim. E também a Marquesa de Merteuil. Agora, saber e não saber são coisinhas portáteis, cabem em qualquer parte, cães sem dono. Ser mau é estar falto de algo mais profundo...
Gi: Gostei de “Ligações Perigosas” e da marquesa. Você acaba admirando-a (gosto de gente inteligente). Mas de algum modo comecei a acreditar aí que o mal vem, mesmo, das sensações e dos prazeres, da inteligência feita para alcançar os recantos íntimos do outro, explorá-los e reduzi-los a pó, tão vil e simplificadamente quanto esses recantos eram sublimes e complexos. Emporcalhar e dizer que nada é sagrado é uma característica dos maus. Ontologia negativa, narcisismo sem controle.
Diabo: Oras... Inteligência não é sensação, é mais que isso.
Você gosta de Chianti? Podemos tomar algum, enquanto eu te mostro fotos de maldades. Aí você saberá o que ela é.
Gi: Você é um pervertido.
Diabo: Bem, até que há uma tendência pessoal... Mas o mal como fato ordinário não passa de um cálculo matemático. Você olha para as coisas que te satisfazem, e seu inconsciente escolhe a melhor para você; as outras, você descarta, sem saber o que fez direito, e às vezes, violando algumas coisas boas em si mesmo. Se tudo no mundo fosse decidido com muita ponderação vocês morreriam de fome até decidir se querem almeirão ou cenoura. Uma das coisas que espalham o mal absoluto é não se implicar direito, reduzir as pessoas às curtas medidas do estereótipo, marionetes para o seu querer. É uma excitação perturbada. Não é possível fazer o bem o tempo todo; a satisfação de se fazer o bem não é a única que pode existir na vida, é contra a natureza humana, você acabaria sendo “O Idiota”, ou aquele cara do “Sonho dum homem ridículo”... só sei que os justos sentem prazer em praticar a justiça, mesmo que ela seja, imediatamente, um mal.
Gi: Então, ser mal é trair-se a si próprio.
Diabo: Ser boa foi para você, até agora, fidelizar-se com uma verdade morta, ou seja, uma mentira prática, concebida para um tempo e lugar diferentes. A vida agora pede prazer e não reflexão.
Lembra-se? “There´s something deeply ghostlike. And we are so horribly afraid of the light...”.
Gi: Há momentos em que o velho morreu e o novo ainda não nasceu. Prazer, de novo, eis a sua questão. Pergunto-me, no entanto, se os prazeres são iguais; creio que não, mesmo neles há tons diferentes, talvez regiões cerebrais distintas. O prazer não é mau em si mesmo. Onde estiver sua desvantagem, é onde estará sua fraqueza e os males. Se estiver desempregado, pobre, for feio ou louco, estará frágil para o mal social...
Diabo: Você está embolando as questões. Deveríamos agora discutir se o mal é uma necessidade em si, presente pra todos e, caso seja, porque os mais maus parecem ser os homens, especialmente os inteligentes, jovens, bonitos. Vivem imersos nos preconceitos da cultura, às vezes fingem que os invertem... São-no na aparência; mas eu sei que o Mal não escolhe sexo, idade, condição social. Mas, de todo modo, está na minha hora. Vou a um jantar de caridade (Aproxima-se da janela e olha lá embaixo) Acha que consigo cair suavemente na grama?
Gi: Como foi mesmo que vc entrou aqui?
Diabo: Ho, ho, ho. Tenho truques que vc nem imagina. É que eu estive pensando... beh, será que a Raquel tá afim de me acompanhar?
Gi: Mas... vc não ia pular a janela? Como vai encontrá-la?
Diabo: Aí ela ficaria mais impressionada.
Gi (Pensando numa maldade): Manda.
(Ainda com os velhos óculos, o Diabo esborracha-se no chão. Gi não o socorre, mas procura um psicanalista. A Raquel assiste a Eu, a Patroa e as Crianças comendo goiabada. E eu continuo a pensar em porquê diabos eu não fiz esse maravilhoso óculos com lentes anti-reflexos antes)

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  • Publicado na minha antiga Cidade dos Sonhos em 25/11/2006. 
  • Marquito, foi mal postar sua foto no meio das manifestações demoníacas, mas tava assim no original. 
  • Obs: não percam as produções do Marquito em: http://1contoporsemana.wordpress.com/.



quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

Apólogo com véu de alegoria

o amor é maluco
disse à faca o eunuco

o espaço? um abuso
disse à grade o recluso

como ajuda a fé! 
disse o tapete ao pé

eis o nosso porto
disseram vivo e morto

(José Paulo Paes. Livro: "Meia Palavra" (1973). 
In Poesia Completa. Companhia das Letras, 2008. p.197)

domingo, 25 de novembro de 2012

Nudez e Verdade

"Recentemente Grein lera um trecho da pesquisa do doutor Kinsey, que em breve seria publicada em forma de livro, segundo a qual o homem atinge o máximo de potência sexual entre os cinqüenta e sessenta anos, mas o que estava acontecendo entre ele e Anna provava que isso não era verdade. Ela despertara nele um vigor aparentemente inédito. Como era possível efetuar uma medição geral de um poder que irrompia das profundezas do inconsciente, da essência que não é mais aparência e sim a coisa-em-si? [...] Anna repetia as mesmas palavras sem parar: "Eu amo você! Eu amo você! Até a morte! Até a morte!". Ofegante, ela falava descontroladamente polonês, como no tempo em que Grein era seu professor particular, gemendo as palavras violentas e voluptuosas que emergem daqueles que estão física e espiritualmente despidos: frases pelo meio, exageros absurdos, repetições insensatas. Não eram Grein e Anna que se uniam, e sim um poder mais elevado que, por meio do mistério do magnetismo espiritual, tornara-se uno, após uma prolongada
ânsia, por meio deles dois." (p.147)



Foto de Alfred Kinsey. Deste link. 

Estar efetivamente nu é estar só. Só, naquele ponto em que sua torrente de pensamentos enfraquece e uma matéria orgânica ocupa lugar no espaço; e o tempo deixa de existir tal como temos nos habituado. O tempo "relógico", instrumentalizado, funcional, estupidamente prático, tediosamente estático, cede lugar ao tempo escondido em um bom livro como esse de Singer, no intervalo entre a indignação de saber-se pessoa física em um mundo injusto e o cansaço de realizar tarefas que não haverão de interferir nele. 
É aí que chega essa bela cena de Singer, ao fundo de um sentimento atávico, e que interpretamos tão mal. A espantosa nudez física e espiritual de Anna, potencialidade de seu corpo vivo, é também a força de um sujeito "em-si" porque é o êxtase amoroso vivenciado com outro sujeito único, o seu antigo professor, e não poderia haver outro; o homem pelo qual deixou o marido, o pai, a religião. Sentimento de Nudez implicado no de Verdade. Sentimento que anula a superficialidade do impulso ao consumo, que termina com certa desagradável sensação de ser um insignificante elo entre a loja e o lixo. Tempo repetido, desperdiçado, tempo que viola, sem piedade, a História, irmanamente repartindo-a entre os irmãos Trabalho e Consumo, esses que nunca atingem o selvagem coração da Vida, disponível para aqueles que tiverem a  grande felicidade do amor romântico; e esses são poucos, e esses não passam, para lembrar de um episódio de Arquivo-X, de cegonhas entre gravetos. É o que eu acho, é o que eu acho.





domingo, 18 de novembro de 2012

Explode a desordem...

... onde a ordem desanda.

Danam-se os doutos
delírios da doutrina.

Desfazem-se os danados
déspotas domésticos.

Deuses diabólicos
devoram os desprezados.

Espere a desordem!
Onde a ordem desmanda.

domingo, 11 de novembro de 2012

Nina Simone - I Put a Spell on You


Eu queria ter encontrado uma boa versão de "You´ve Got To Learn" (mas só encontrei essa, tosquinha), mas I Put A Spell On You também é ótima... Nina em transe!

domingo, 4 de novembro de 2012

Ato em apoio ao povo Guarani-Kaiowá, Goiânia


Vamos nos juntar ao país inteiro em um ato NACIONAL em defesa dos índios Guarani Kaiowá! A data é a mesma em todo o Brasil, o local ainda será definido conforme estipularmos.

É IMPRESCINDÍVEL a mobilização de todos! É de extrema importância que o caso tenha grande repercussão midiática porque essa é a ÚNICA CHANCE desse povo! Convidem a todos! Agora #SOMOSTODOSGUARANIKAIOWÁ

Sexta, 9 de novembro de 2012, às 18h30, na Praça Universitária.
Veja o evento no Facebook por aqui.

domingo, 28 de outubro de 2012

Humor inalienável

Adoniran Barbosa hipnotiza. 
"Tiro ao Álvaro", mais do que canção, é uma piada cheia de risonha auto-comiseração; de quem conhece o português oficial, mas apenas para imprimir nele o gosto da palavra torneada nas falhas dentaduras do Povo.

Foto copiada do site: raizdosamba.com.br

Poeta da Má Fortuna dos pobres, que se apresenta como miserabilidade pungente, oprimindo os três construtores de uma Saudosa Maloca. Seus versos são atos de resistência contra o deus-dinheiro, que torna tudo passível de  se trocar com tudo, desde que com volta - um volume de Propércio por uma lata de graxa para botas, já diria Marx. A descartabilidade do outro e o não-reconhecimento do que se constrói com as próprias mãos é mesmo ato de parasitas do trabalho alheio, que nunca entenderiam esses simples versos: 
Que tristeza que "nóis" sentia/ Cada táuba que caía/ Doía no coração
Mundo de desterrados, em que, tal como mafiosos - a julgar por Robert De Niro em "Fogo contra Fogo" - a regra da felicidade é não ter, nunca, ninguém - e poder mudar-se com uma mala ou duas para perto do próximo emprego. Como diria Brecht: apague as pegadas
Ah, meus caros, certamente é preferível ter morado na Saudosa Maloca, a viver no edifício-signo do maior mal da história da habitação o apartamento padrão - radicalmente equalizado a tantos outros, enquanto cada pobre vai construir sua maloca como queira e possa. A classe média, leiga e preguiçosa, assina seu contratinho nas mãos ávidas do burguês e reclama pela falta de closet, de um andar mais alto ou o quê. 
Esses homens esquecidos - "Eu, Mato-Grosso e o Joca" - não se lembram do dia; mas descrevem a tragédia: os "hômi" vêm e derrubam a Maloca, casinha tão cheia de histórias condenadas ao mesmo horror e indiferença com que os trabalhadores almoçam  ovo frito ou "Torresmo à Milanesa", sentados na calçada, sem higiene ou conforto. A situação lembra Saramago e esse trechinho de "Levantado do Chão":
É preciso que esse bicho da terra seja bicho mesmo, que de manhã some a remela da noite à remela das noites, que o sujo das mãos, da cara, dos sovacos, das virilhas, dos pés, do buraco do corpo, seja o halo glorioso do trabalho no latifúndio, é preciso que o homem esteja abaixo do animal, que esse, para se limpar, lambe-se, é preciso que o homem se degrade para que não se respeite a si próprio nem aos seus próximos (p.73)
"Saudosa maloca" tem andamento apertado, dramático, até que eles encontram uma pobre solução - solução para passar a noite, apenas, e tão somente, aquela noite que esse Deus caprichoso da Razão dos hômi lhes dá - e um refrão para homenagear a saudosa maloca, essa casa-quase gente, de gente-quase coisa: 

Só "se conformemo"

Quando o Joca falou
Deus dá o frio conforme o "cobertô"
E hoje "nós pega" a paia
Nas grama do jardim
E pra esquecer "nóis cantemos" assim:
Saudosa maloca, maloca querida
Dim dim "donde nóis passemo" os dias feliz de nossa vida

O pobre que conta seu canto, guardou em si a maloca cruelmente derrubada (nessa parte do peito onde os hômi não entram). A opulenta Razão da ignorância, a Razão complacente a rir-se, com a indiferença da dura autoconsciência útil apenas para saber que não se sabe nada, e assim ficarão se depender de quem lhes toma casa, comida e Razão: 
Vamos armoçar
Sentados na calçada
Conversar sobre isso e aquilo
Coisas que nóis não entende nada (Adoniran Barbosa, "Torresmo à milanesa")
Adoniran já morava na cidade que "evoluiu" - vejam que termo abjeto - para hoje tocar fogo nas suas favelas, à busca dos preciosos terrenos escondidos sob suas táubas e latões. É a sina do pobre, que, amando ou não, dizendo a verdade ou apenas fugindo de sua companhia, cuidando da mãe e cuidando de si, tem por Lei correr atrás do trem das onze; ou a do noivo que chora a noiva morta - não por ter se mudado  para a Europa, mas por ter sido esmagada na rua, a pobre Iracema que não prestava atenção ao atravessar a São João. 
E de narcísico, fiquei com a referência a uma Gigi, a Gioconda do "Samba Italiano":
Piove, piove,
Fa tempo che piove qua, Gigi,
E io, sempre io,
Sotto la tua finestra
E voi senza me sentire
Ridere, ridere, ridere
Di questo infelice qui
Saudoso Adoniran! É pena que a juventude não tenha ainda aprendido a pagar-lhe tributo, o tributo às figuras cansadas, usadas e despejadas, mas cujo humor ou piedade nem mesmo os "hômi" podem tomar. Em "Despejo na favela": 


Não tem nada não seu doutor/ vou sair daqui/ pra não ouvir o ronco do trator
Pra mim não tem problema/ em qualquer canto me arrumo/ de qualquer jeito me ajeito
Depois o que eu tenho é tão pouco/ minha mudança é tão pequena que cabe no bolso de trás
Mas essa gente aí hein/ como é que faz?

terça-feira, 23 de outubro de 2012

John Locke não foi um cara legal

"Recebendo anualmente uma remuneração quase astronômica, de cerca de 1.500 libras, pelos seus serviços ao governo (...), Locke não hesitou em louvar a perspectiva de os pobres ganharem 'um centavo por dia' (a penny per diem), ou seja, uma quantia aproximadamente mil vezes inferior a seu próprio vencimento, em apenas um dos seus cargos governamentais." (p.40)
"E enquanto as leis brutais de Henrique VIII e de Eduardo VI pretendiam cortar apenas 'metade da orelha' dos criminosos reincidentes, o nosso  grande filósofo liberal e funcionário do Estado - uma das figuras dominantes dos primórdios do Iluminismo inglês - sugeriu uma melhoria de tais leis ao recomendar, solenemente, o corte de ambas as orelhas, punição a ser aplicada aos réus primários".(p.41) (Mészáros, I. A educação para além do capital. 2 ed. São Paulo: Boitempo, 2008)

*Nunca cheguei a ler Locke (e creio que não o farei). Mas ele me lembrou o Milton Friedman que, à beirada da morte, teve ainda energia para escrever a um jornalão americano sobre a reconstrução de New Orleans após o furacão Katrina. O que disse Friedman? "Excelente oportunidade para reconstruir o sistema educacional com um experimento de financiamento privado".
* E vocês achavam que esse bordão da crise como oportunidade tinha algum conteúdo filosófico sério?! Muitos acreditam. Cheguei a vê-lo em um artigo de psicologia que avaliei. 
* Ainda sobre Locke: acho que essa legislação sobre as orelhas não tinha a pretensão de ser tosca, vil, indecente, nem dotada de qualquer qualidade própria. O sujeito só estava tentando mostrar serviço - tentando fazer por merecer suas 1.500 libras anuais. E ainda falam bem da modernidade, ou do Iluminismo, como promessa?! 
Bem, nesse caso, só se for promessa de cortar orelhas. 

sexta-feira, 5 de outubro de 2012

Jactancia de la quietud

Escrituras de luz embisten la sombra, más prodigiosas que meteoros.
La alta ciudad inconocible arrecia sobre el campo.
Seguro de mi vida y de mi morte, miro los ambiciosos y quisiera 
       entenderlos.
Su día es ávido como el lazo en el aire.
Su noche es tregua de la ira en el hierro, pronto en acometer. 
Hablan de humanidad.
Mi humanidad está en sentir que somos voces de una misma
       penuria.
Hablan de patria.
Mi patria es un latido de guitarra, unos retratos y una vieja espada, 
la oración evidente del sauzal en los atardeceres.
El tiempo está viviéndome.
Más silencioso que mi sombra, cruzo el tropel de su levantada 
      codicia.
Ellos son imprescindibles, únicos, merecedores del mañana.
Mi nombre es alguien y cualquiera.
Paso con lentitud, como quien viene de tan lejos que no espera 
      llegar.

(Jorge Luis Borges, Obra poética. 2a ed. Buenos Aires: Emecé, 2010, p.70. Poema do livro Luna de enfrente, 1925)

quarta-feira, 26 de setembro de 2012

Notas sobre o Duplo - I

Muitos poetas, cansados de suas peles, lograram sentir-se não só um, mas dois, três, duzentos e cinquenta. Na "Tabacaria", queixa-se Álvaro de Campos: "Quando quis tirar a máscara,/ Estava pegada à cara". 

Envelhecemos naquele preciso instante em que, inequivocamente, percebemos que a potência múltipla - e multiplicadora - da juventude cede espaço a um vácuo: o vácuo de um eu que, iludido, se projetava no futuro contra um eu sem ilusões, disposto a distrair-se com pequenas disputas de mesquinhas vantagens - prêmio de consolação para quem já perdeu um par ou dois de ilusões fundamentais. 

Derrota do primata vivo e mutante que se desdobra com curiosidade sobre o mundo dos sentidos! Massa disforme, pronta a aceitar a Vontade não-livre dos déspotas no lugar de ilusões já mortas!  E, mesmo absorvendo um pouco dessa postura inconfundível do oprimido mergulhado em uma aguda, assombrosa, confusão de figuras do passado com as do presente, o primata luta para produzir possibilidades novas de ação no cansado universo da identidade pessoal e profissional - aquela que nos faz ter nome, idade, profissão, e outras coisas.

Diria Vigotski que nossa personalidade é um agregado de relações sociais internalizadas: pois bem, assim nos desdobramos, entre quem fala e escuta, entre nós e nós mesmos, fatos de consciência que não raramente se opõem e se digladiam - como que dois sistemas, duas sínteses psíquicas, tão possíveis uma como a outra, embora nosso meio social cuide de selecionar esta ou aquela. Luria, acompanhando Zazetsky, viu os nada desprezíveis problemas gerados no mundo estilhaçado do rapaz, que, no entanto, lutou até a morte para preservar a sua consciência de si e a percepção do mundo.

Trombei com o tema do "Duplo" no livro homônimo de Dostoiévski e em conto de Borges; em "The Strange case of Dr. Jekyll and Mr. Hyde", de Robert Louis Stevenson; em "O retrato de Dorian Gray", de Oscar Wilde; em "O Homem Duplicado", de José Saramago. Todos, livros incríveis, desafios de ontem e hoje para uma psicologia da síntese psíquica, que retratam facetas inesperadas desse problema tão fascinante que nos persegue - como bem lembra Saramago - desde quando o primeiro primata olhou-se em um charco e, atônito,  embaraçado, disse: "esse sou eu!". Ou quando o primeiro bebê mamífero, solitário e assustado, deixou-se agitar até que reaparecesse a sua singular e intransferível nutriz: "aqui está ela!", ou seus irmãozinhos, ou colegas de socius, que o seja: acompanha-lhe a própria formação de uma certeza, a certeza de que existimos e somos parecidos, mas jamais idênticos - que há ainda, abandonado no mundo, um nicho no qual possamos dispor a nossa singularidade. E que as semelhanças tornam-se pesadelo quanto mais se aproximam de uma igualdade, a despeito de, no fluxo hegemônico de uma sociedade à qual tanto agrada a linearidade da identidade, ela ser tão desejada. Veja-se o "Doppelgänger": figura mitológica, o duplo de todos nós, arauto não da vida, mas da morte:

Fonte: Wikipedia. Autor: Galiaoffri.


Filosofou Dostoiévski, em carta a Ekaterina Yunga em abril de 1880 (na biografia de Boris Búrsov - “A personalidade de Dostoiévski”): a duplicidade “é o traço mais comum das pessoas... não inteiramente comuns. Um traço que, em linhas gerais, é inerente à natureza humana, mas que nem de longe se encontra em qualquer natureza e menos ainda de forma tão intensa como na sua. Eis por que a senhora me é tão íntima, pois esse desdobramento que há na senhora é exatamente igual ao que há em mim e que sempre houve em toda minha vida. Isto é um grande tormento, mas ao mesmo tempo um grande prazer. É a consciência intensa, a necessidade de que a senhora experimente em sua própria natureza a exigência de um dever moral perante si mesma e a humanidade. Eis o que significa essa duplicidade. Se a senhora não fosse dotada de uma inteligência tão desenvolvida, se fosse limitada e não tão conscienciosa, não haveria tal duplicidade.” (Bezerra, p.238)

[continua no futuro]

terça-feira, 25 de setembro de 2012

Minha resenha: "Sociedade Tarja Preta: uma crítica à medicalização de crianças e adolescentes"

Oi, pessoal!
Tenho a satisfação de compartilhar com vocês minha mais nova publicação, recém-inserida na SciELO: 

Sociedade Tarja Preta: uma crítica à medicalização de crianças e adolescentes

Black label society: a critique regarding the medicalization of children and adolescents

RESUMO
Como breve análise do livro "Medicalização de crianças e adolescentes: conflitos silenciados pela redução de questões sociais a doenças de indivíduos", esta resenha contextualiza a importância da publicação na crítica contemporânea à invenção de (psico)patologias e tratamentos a elas destinados. O livro logra, de forma extremamente rigorosa, desconstruir as "bases científicas" que sustentam o transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH), mostrando como a indústria farmacêutica vem ocultando sistematicamente os profundos efeitos colaterais do princípio ativo destinado a tratá-lo (o metilfenidato, presente na Ritalina® e Concerta®). Com textos de profissionais vinculados à saúde e educação, nas mais diferentes áreas do conhecimento, o livro representa uma notável coalizão de esforços em benefício da promoção dos direitos de crianças e adolescentes.
Palavras-chave: medicalização; transtorno de déficit de atenção e hiperatividade; metilfenidato; educação infantil; problemas de aprendizagem

Confira mais clicando aqui

terça-feira, 18 de setembro de 2012

O arco-íris (mito pré-colombiano)

"Os anões da selva tinham surpreendido Yobuënahuaboshka em uma emboscada e tinham cortado sua cabeça.
Aos tropeços, a cabeça regressou à região dos cashinahua.
Embora tivesse aprendido a saltar e a balançar com graça, ninguém queria uma cabeça sem corpo.
_ Mãe, irmãos meus, vizinhos - se lamentava. - Por que me rejeitam? Por que têm vergonha de mim?
Para acabar com aquela ladainha e livrar-se da cabeça, a mãe lhe propôs que se transformasse em alguma coisa, mas a cabeça se negava a transformar-se no que já existia.
A cabeça pensou, sonhou, inventou. A lua não existia. O arco-íris não existia.
Pediu sete novelos de lã, de todas as cores.
Fez pontaria e lançou os novelos ao céu, um atrás do outro. Os novelos ficaram enganchados além das nuvens. Se desenrolaram os fios, suavemente, para a terra.
Antes de subir, a cabeça advertiu:
_ Quem não me reconhecer, será castigado. Quando me verem lá em cima, digam: "Lá está o alto e belo Yobuënahuaboshka!"
Então traçou sete fios que estavam pendurados e subiu pela corda até o céu.
Nessa noite, um talho branco apareceu pela primeira vez entre as estrelas. Uma moça ergueu os olhos e perguntou, maravilhada: "O que é isso?"
Imediatamente, uma arara vermelha lançou-se sobre ela, deu uma súbita volta e picou-a entre as pernas com seu rabo pontiagudo. A moça sangrou. Desde este momento, as mulheres sangram quando a lua quer.
Na manhã seguinte, resplandeceu no céu a corda de sete cores.
Um homem apontou com o dedo:
_ Olhem, olhem! Que estranho!
Disse isso e caiu.
E essa foi a primeira vez que alguém morreu." (Galeano, Eduardo. "Os nascimentos" (vol 1. da Trilogia "Memória do Fogo"). Porto Alegre, RS: L&PM. pp.30-31). Confiram o Tumblr de Galeano aqui



domingo, 16 de setembro de 2012

Canal de Filmes Brasileiros no Youtube

Confira, canal excelente de Filmes Brasileiros no Youtube
Eduardo Carli (vulgo Kótchki), minha cara-metade, é o responsável pela compilação.

Confiram em:

Recomendo com especial fervor este filme fantástico, embora muito pouco conhecido em nossos dias: Iracema, uma Transa Amazônica (https://www.youtube.com/watch?v=x-PSSJLcHC4&list=PL9CBB5A6C86BEA452&index=3&feature=plpp_video)


quinta-feira, 6 de setembro de 2012

Política pós-absurda - sobre foto da "Mulher-pera"

Passeando no Facebook, fui surpreendida pela foto de campanha eleitoral da denominada "mulher-pera"(esta aqui). 
Pois é, leitor(a). Essa imagem é tão absurda que está além do próprio absurdo  - é pós-absurda. Espantosa e constrangedora, ao misturar as linguagens do marketing e da pornografia, é tão apelativa, que nem chega a ser engraçada. E o pior: mostra seu traseiro para as lutas pelos direitos das mulheres em um momento de ascensão exponencial da violência doméstica/sexual contra elas (nós). 
A imagem acrescenta um capítulo ao vale-tudo para obter o voto popular; especialmente, o voto masculino. Mas, como é próprio das bondages sadomasoquistas, sua "mira" é ao mesmo tempo "alvo": a postura, com as nádegas em primeiro plano, e a cabeça em segundo (quase que rebaixada), alude a certa subserviência animal - além da insinuação de sodomia - para um eleitor promovido a dominador, o chefe. A senhorita Pera deixa-se, docilmente, sodomizar pelo eleitor em geral,  para conquistar todo aquele que se "mobilizar ao voto" (agindo com base no mais irracional dos afetos, e, por isso mesmo, o mais utilizado pela propaganda) com o seu recado. Parece (e apenas parece, pois possuir a imagem do objeto não é possuí-lo efetivamente - a imagem é impostora, pois promete sem dar nada) negar a seletividade própria da sexualidade humana, rebaixando as mulheres à carnalidade que os sacerdotes de todos os templos sempre lhes atribuíram. Como a Geni (de Geni e o Zeppelim): 

Ela é um poço de bondade
E é por isso que a cidade
Vive sempre a repetir:
"Joga pedra na Geni!
Joga pedra na Geni!
Ela é feita pra apanhar!
Ela é boa de cuspir!
Ela dá pra qualquer um!
Maldita Geni!" (Chico Buarque)



E há mais. Sendo a sodomia, em nossa cultura, mistura de dor e prazer, tem tudo a ver com o mundo da política pós-absurda. Com seus jingles pegajosos, seus programas eleitorais agradáveis, suas vozes melífluas, todos os demagogos do mundo ficam muito aquém da Mulher-pêra. Se cuidem, Serra, Haddad, Russomano, Paulo Garcia!  Mostrem seus atributos aí, vá! Quem sabe a ficha de cadastro dos candidatos não possa ser um Book?
Vendendo prazer visual, a Mulher-pera tenta trocar sua imagem por elementos  (dinheiro, poder político)  completamente alheios à sua mensagem,  transmitindo a ideia - involuntariamente sábia - de que a política é zona de prostituição voluntária, na qual as mulheres também podem guerrear com suas armas primatas (pós-siliconadas); na qual as únicas ideias são as do marketing, e no qual a maioria esmagadora dos políticos fingem-se submissos ao mostrar-nos sua "contribuição" - enquanto, de fato, mostram-nos o mesmo que a senhorita Pera, a dar lições de marketing que põem Machiavel, seus fins e seus meios nos chinelos, senão em biquínis.  
Era para isso o que queríamos ao ver as mulheres no âmbito da esfera pública? É essa a esfera pública que, sujeitos de moralidade (pelo menos) mediana, nós merecemos? Até quando o povo vai sofrer a ressaca do petismo?!

Volta às aulas

Caros alunos, o reinício das aulas do 1º semestre de 2012 no Campus Goiânia e no Campus Cidade de Goiás será no dia 11/09/2012 (terça-feira).Retomaremos a apresentação dos seminários pela ordem (tanto no curso de Ciências Biológicas e Psicologia). Abraço a todos e meus agradecimentos ao apoio de todos vocês, alunos, à luta pela Universidade Pública ao longo das gerações. Permaneçamos mobilizados e nos organizando para enfrentar os tempos sombrios que aí correm!Aproveito a oportunidade para recomendar-lhes um grande filme nessa temática: "A Greve", gratuitamente neste link.




sábado, 1 de setembro de 2012

Nudez relativa


Desconsolada, a Lua
cobre as vergonhas
da Via adolescente.
(inutilmente).

Nu feito ovo
No Paço do louco
O velhote ensaia
A dança da pipoca
Deiscente.

Até no trottoir
É invasivo o olhar
Do burguês vestido
à cansada proletária
a se abaixar, vencida.

O filho grita
A mãe agita
A nudez disforme.
Da bocarra humilde
Brota o feto
Florescido
do vagido
destemido.

Toalha crespa
Linho alvo
Pente velho
Missa herética.

Saia acima, calça abaixo,
calça abaixo, calça abaixo
Saia acima, saia acima
Matrizes nuas
Conspiram
Sem produto.

 (29/07/2012)

quinta-feira, 30 de agosto de 2012

Minicurso: Sociedade tarja preta - no Congresso de Psicologia do Cerrado

Confiram o Minicurso "Sociedade Tarja Preta - a medicalização da infância em educação e saúde", no dia 31/08, das 14h às 18h30, na Sala 1 da Área 4 da PUC-GO. Com as profas. Alba Cristhiane Santana e Gisele Toassa (UFG).
Compareçam a est
e importante momento para discussão contemporânea da infância, indústria farmacêutica, e intervenção de professores e psicólogos!
Site do Congresso de Psicologia do Cerrado:http://crp09.org.br/pt-br/home.php

segunda-feira, 27 de agosto de 2012

Gravações - conversas dos estudantes da UFG com Athanasios Marvakis

Gravações das conversas dos estudantes da UFG com o Prof. Dr. Athanasios Marvakis. 
Professor Associado em Psicologia Social Clínica, Departamento de Educação Primária, Universidade de Thessaloniki, Grécia. Confiram aqui mais dados sobre o convidado e produções dele, bem como sua página no Facebook

Faixa 1: conversa com os alunos de psicologia.
Faixa 2: conversa com os alunos da Ocupa Ufg.

Observação 1: se houver candidatos para transcrição das conversas (é necessário saber um pouco de inglês), por favor, me contatem
Observação 2: o Prof. Athanasios falou bastante sobre a crise européia e a juventude grega, promovendo um intercâmbio cultural extremamente interessante.

terça-feira, 21 de agosto de 2012

Conferência - Athanasios Marvakis - Univ. Thessaloniki, 24/08/12 - FE-UFG


Atividade de Greve  
24/08/12 – sexta-feira

Convidado internacional:

Prof. Dr. Athanasios Marvakis
Professor Associado em Psicologia Social Clínica, Departamento de Educação Primária, Universidade de Thessaloniki, Grécia.

- 9h30 - Conferência:
“As Ciências Sociais e a Psicologia na encruzilhada: servos do poder e ferramentas para a emancipação”
Local: Auditório da FE-UFG

-14h30 – Roda de conversa com professores e estudantes:
“Ciências humanas e internacionalização”
Local: mini-auditório da FE-UFG


sexta-feira, 20 de julho de 2012

Mocinhas e tias velhas

Passageiras da consciência
Vão-se as ideias.
Fantasmas aborrecidos
Flagrados a dormitar,
em madrugadas acacianas,
debatidas por algum insone,
despudorado e caduco.

Pobres tias velhas!
Guardam enxoval bordado,
em tolo e rico brocado
para gozos sensuais,
junto a papéis também datados.


Se a noite chega, aos bocejos:
levantam-se, sem propósito:
e para esticar as pernas, 
lêem Almanaque Sadol
pondo cara de conteúdo


Em seu lugar, grosseiras, 
vêm mocinhas casadoiras
A descer decotes e subir saias.
Sob as pragas das tias,
soltam desaforos
e levantam as perninhas.

Um chiste senta-se no pórtico
e coça as pernas (delas)
Eu, do lado, perco-me...
pensando se têm idade as ideias,
tal qual mocinhas e tias velhas
brigando por papéis insones
em meus vãos de consciência.  

quinta-feira, 7 de junho de 2012


Prezados docentes, alunos e funcionários dos cursos de Ciências Biológicas, Filosofia e Química:

Escrevo-lhes para informar que acatei a decisão de greve para o dia 11/06/12, deliberada na assembléia de 06/06/12 realizada no teatro da EMAC. A decisão se deu principalmente pela luta contra o plano de carreira proposto pelo governo, a ser votado em agosto, que prejudica em muito a carreira docente, não apenas pela intensificação da lógica do mercado na Universidade pública, estimulando a competitividade entre os pares, tirando a autonomia na gratificação por projetos, etc., como também pelo enorme aumento dos degraus na progressão da carreira. Hoje o doutor entra como professor adjunto I, mas a partir da aprovação do novo plano, todos (especialista, mestre, ou doutor), entrarão como auxiliar. Aí é auxiliar I, II, III, IV, assistente I, II, III, IV, depois adjunto I, II, III, IV, e quem sabe, associado I, II, III, IV e titular. Ou seja, no novo plano de carreira, o doutor que ingressar no Magistério Superior pode demorar 16 anos para se tornar adjunto I. E o doutor que ingressar com mais de 40 anos dificilmente chegará ao topo da carreira, pois se aposentará antes de ser associado. É claro, há muitas outras questões complicadas no plano, mas imagino que já tenham entrado em contato com ele.

Foi uma assembléia conflituosa e que assustou tanto pelo despreparo político da presidente da ADUFG quanto por seu descompromisso com os representados. Afinal, nós, docentes, deixamos as nossas atividades para nos apresentarmos em massa no auditório da EMAC - e, por fim, ouvimos que ela cancelava a Assembleia porque havia filiados da ADUFG em pé, enquanto não-filiados estavam sentados (vejam só que interpretação literal da ideia de "assento"!), não obstante todos os filiados pudessem ser distinguidos pelos cartões de votação recebidos na porta do auditório. Mais de 400 docentes estavam presentes. Nossa categoria tem apenas um sindicato local, e entendo que, justamente pela falta de opções de sindicalização, a ADUFG deve representar a todos os trabalhadores das IFES locais. 

Parte da diretoria da ADUFG abandonou a assembléia, mas os professores do fórum de mobilização dos professores da UFG (http://professoresufgnaluta.blogspot.com.br/) acalmaram a plenária para continuamos a discussão. Tudo isso pode ser visto no vídeo filmado por um dos participantes:

http://www.youtube.com/watch?v=EtZBLqojQto

 E esse vídeo contradiz a versão propagada no site da ADUFG (http://www.adufg.org.br/adufg/noticias.php?id=2992). 

Foi após encerrar a Assembleia é que as pessoas subiram ao palco para tentar pegar o microfone. A ADUFG, em seu site, sustenta que: “Neste momento a mesa foi tomada de assalto por pessoas descontroladas, culminando com a agressāo física à Diretora Presidente da ADUFG SINDICATO e ao professor João de Deus (IESA), ex-presidente da entidade e membro da diretoria executiva do PROIFES-FEDERAÇÃO”. Esta parte também é falsa, pois a presidente da ADUFG em nenhum momento foi agredida fisicamente; no vídeo pode-se ver que ela sai da mesa-diretora sem interagir com as pessoas, sem ser agredida e foi um diretor da ADUFG que iniciou a agressão. A direção da ADUFG mandou a equipe de som desmontar o equipamento e tivemos que fazer grande parte da assembléia sem microfone e amplificação. 

Como filiada da ADUFG, fiquei indignada pela ação da diretoria e pela nota publicada no site. Acrescento outros motivos de crítica à diretoria do sindicato: primeiro, permitiu-se aos docentes não-filiados entrarem no auditório para depois proibi-los de compor a Assembleia, que foi marcada em um local pequeno demais para receber mesmo os filiados.

Por todas essas razões apoio a greve como forma de pressionar o governo para a modificação do plano de carreira e instalação de nova mesa de negociação com as entidades sindicais docentes (ANDES e PROIFES). E por isso que a partir do dia 11/06/12 suspendo minhas aulas nas licenciaturas (e também o trabalho no curso de psicologia, onde os alunos já deliberaram greve na última sexta). 

Comprometo-me, assim que acabar a greve, a reunir-me com as coordenações de curso e a turma de alunos para organizar o processo de reposição das aulas que faltam. 

Eu ficaria bastante grata se essa mensagem pudesse ser repassada à comunidade ICB, IQ e FAFIL (docentes, funcionários e estudantes), porque considero que o momento é propício para discutirmos os rumos da Universidade e das políticas de Ciência e tecnologia de forma aberta, respeitosa, sincera e sobretudo, ética, ultrapassando fronteiras de formação e compondo uma massa crítica capaz de defender o caráter público de nosso trabalho, em sua enorme importância para a sociedade brasileira.

Atenciosamente,

Gisele Toassa (recompondo a mensagem original do professor Domenico Hur)


PS: A próxima assembléia de professores foi marcada para quinta-feira, 14/06, às 14h com local a ser confirmado.

quarta-feira, 16 de maio de 2012

Evento do NUPESE - 22/05/2012


Confirme evento do NUPESE, na próxima terça

---

II SEMINÁRIO DO NUPESE E I SEMINÁRIO DA LINHA DE PESQUISA CULTURA E PROCESSOS EDUCACIONAIS DO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇAO EM EDUCAÇÃO

Evento

: Faculdade de Educação (segundo andar)
: Regional
17 Março 2011 às 21h a 18 Julho 2011 às 21h


 
Clique no link acima para ver folder do evento.
Para outras informações envie e-mail para nupeseufg@gmail.com

domingo, 29 de abril de 2012

CARREGO COMIGO - Carlos Drummond de Andrade (in "A Rosa do Povo")



Carrego comigo

há dezenas de anos

há centenas de anos

o pequeno embrulho.



Serão duas cartas?

será uma flor?

será um retrato?

um lenço talvez?



Já não me recordo

onde o encontrei.

Se foi um presente

ou se foi furtado.



Se os anjos desceram

trazendo-o nas mãos,

se boiava no rio,

se pairava no ar.



Não ouso entreabri-lo.

Que coisa contém,

ou se algo contém,

nunca saberei.



Como poderia

tentar esse gesto?

O embrulho é tão frio

e também tão quente.



Ele arde nas mãos,

é doce ao meu tato,

Pronto me fascina

e me deixa triste.



Guardar em segredo

em si e consigo,

não querer sabê-lo

ou querer demais.



Guardar um segredo

de seus próprios olhos,

por baixo do sono,

atrás da lembrança.



A boca experiente

saúda os amigos.

Mão aperta mão,

peito se dilata.



Vem do mar o apelo,

vêm das coisas gritos.

O mundo chama!

Carlos! Não respondes?



Quero responder.

A rua infinita

vai além do mar.

Quero caminhar.



Mas o embrulho pesa.

Vem a tentação

de jogá-lo ao fundo

da primeira vala.



Ou talvez queimá-lo:

cinzas se dispersam

e não fica sombra

sequer, nem remorso.



Ai, fardo sutil

que antes me carregas

do que és carregado,

para onde me levas?



Por que não dizes

a palavra dura

oculta em teu seio,

carga intolerável?



Seguir-te submisso

por tanto caminho

sem saber de ti

senão que sigo.



Se agora te abrisses

e te revelasses

mesmo em formas de erro,

que alívio seria!



Mas ficas fechado.

Carrego-te à noite

se vou para o baile,

De manhã te levo



Para a escura fábrica

De negro subúrbio.

És, de fato, amigo

Secreto e evidente.



perder-te seria

perder-me a mim próprio.

Sou um homem livre

mas levo uma coisa.



Não sei o que seja.

Eu não a escolhi.

Jamais a fitei.

Mas levo uma coisa.



Não estou vazio

não estou sozinho,

pois anda comigo algo indescritível.


domingo, 22 de abril de 2012

Noutro século

(Pequena homenagem a certo senador eleito pelo povo)
---
Espantosos Cachoeiras
vertem carreiras 
em planas ladeiras.
Ovino, vê se te emenda!
Os tempos mudaram,
e foi para tua sorte.

Arrogante, ignoras:
nas cartas marcadas,
na emoção do vinte-e-um,
os olhares, que, baixos
com a fome no corpo,
servem, aos poucos,
a cólera em copos.

Séculos atrás,
em cidade das Luzes,
pós vil acrobacia
em trágica ironia
tua calva rolaria
- sem defesa ou porfia -
esmagado feito ovo,
para omelete do povo,
na guilhotina jacobina.


O "Fora Marconi" e o Prêmio Jabuti

Estive ontem no ato "Fora, Marconi" e gostaria de assinalar algumas coisas. Primeiro, que são absurdas as versões do "Diário da Manhã" e de "O Popular": não se tratava de um ato contra a corrupção eleitoral, insosso, abstrato, e sem alvos identificados, como se noticiou. "O Popular" chegou a fazer referência a que os manifestantes protestavam contra o Mensalão (!!!!). Diante de tamanha criatividade, indico a imprensa goiana para o Prêmio Jabuti na categoria ficção, em acirrada concorrência com minha revista favorita nesta modalidade, a "Veja". 
E, convenhamos: um ato que atrai às ruas cerca de 8 mil pessoas, em meio a tamanha crise institucional, só mereceria 200 palavras no jornal?! A imprensa goiana precisa rever suas prioridades. Os brados populares foram, sim, pela derrubada do governador. 
Uma coalizão de movimentos sociais e cidadãos comuns, como eu, compos o ato, que recebeu apoio surpreendente dos motoristas encalhados no tráfego (muitos deles buzinaram com nossa passagem, não parecendo se importar em chegar mais tarde a seus destinos). A atmosfera foi bastante festiva e repleta de jovens, provando que o Facebook é, sim, instrumento de efetiva articulação política das massas em nossa cidade.
Só me preocupou que alguns dirigentes sindicais, falando ao microfone, tivessem destacado repetidamente que "todos ali eram trabalhadores, não vagabundos, ou bandidos, como a imprensa noticiou". Deveriam ter é questionado o preconceito que pesa sobre a população prisional - aceitar sua culpabilização é deixar margem para retóricas de extrema-direita, sem abrir um debate (ainda que breve) sobre a composição de classes e a criminalização da pobreza em nosso país.
*No próximo sábado, ato no Setor Campinas, pessoal!

Acompanhem o movimento: "Fora, Marconi", na página no Facebook: http://www.facebook.com/MovimentoforaMarconi
Essa é só para minha gratificação narcísica. Obs: senti falta de um nariz de palhaço.

sábado, 7 de abril de 2012

Novo texto no Grupo de Estudos de Vigotski!

Na próxima reunião, dia 11/04, às 9h30, na sala 244 da Faculdade de Educação, terminaremos a discussão do capítulo "A psicologia e o professor", da "Psicologia Pedagógica", de Vigotski.
Nossa nova empreitada será a discussão de um dos maiores trabalhos do bielorrusso, o "Historia del Desarrollo de las Funciones Psíquicas Superiores" (1931), texto que encontra-se presente na pasta do grupo de estudos, xerox do curso de Psicologia. Venha acompanhar-nos nesse novo ciclo de estudo e pesquisa!
Maiores informações em http://vigotskiufg.blogspot.com.br/

domingo, 25 de março de 2012

Laudo 2.003


Imagem do blog Cajumila, acesso em 25/03/2012

Olhos deformados, com 5,0 graus de miopia e 3,0 de hipermetropia. Justificativa: “os traumas podem andar na superfície dos gestos ou nas profundezas do psiquismo” (sic). Seus músculos degeneram-se numa viciosa postura, procurando em vão sustentar o pescoço que se projeta, inconveniente. Vértebras torácicas cifosadas, de curvaturas semelhantes a um ponto de interrogação. Em conversas, observa-se que não é capaz de emitir as respostas médias, obrigando o interlocutor a elucidar conceitos perfeitamente razoáveis. Tal conduta sinaliza hiperestimulação do tronco cerebral, com os conseqüentes sintomas: 1) impulsos filosóficos; 2) perda da função de concordância com o interlocutor; e 3) rebaixamento da utilidade do cientista. Desorientação psico-religiosa: na maior parte do tempo ateu, porém adepto do zen-budismo. Reside com a mãe e dois cães, após o divórcio por causas financeiras. Incipiente coprolalia na presença de estranhos indica propensão à desordem. Leitor do Psyu. Hábitos sexuais inexistentes, relata passados relacionamentos saudáveis. Mãos franzinas, boa abdução e má adução do polegar, pelo muito abrir e fechar portas de maçaneta arredondada; bíceps medíocre, incapacitante para o trabalho braçal. Dada a precariedade dos recursos desta instituição, que no entanto louva os liberais direitos de nosso tempo, consideramos que este interno talvez seja proveitoso na portaria, para afastar as Testemunhas de Jeová e os vendedores de carnê do Baú. Vestes bizarras, de horrível gosto, sapatos ao rigor da moda e uma única camiseta xadrez, trazendo roupa de baixo em bom estado. Dois terços da bagagem consistem em CD´s de Música Popular Brasileira e livros de orientação teórica obscura, ao invés do sabonete que pedimos – investigar amnésia. Megalomania paranóide: atribuiu internação ao ativismo político. Teste positivo para THC e ervas aromáticas. Tez pálida, eliminações regulares e de cor castanho-escura, relata boa saúde.
Diagnóstico: psicólogo
Conduta: reeducável ou eletrochoque
Assina: Dr. Jasper Skinner Di Lombroso
P.S.: providenciar sabonete.
---
Texto que publiquei no extinto Psiu, em 2003. 

sábado, 3 de março de 2012

Grupo de Estudos sobre a Filosofia de Espinosa - GEFE

O Prof. Cristiano Novaes de Rezende
dará início, neste primeiro semestre de 2012, no dia 27/02/12, ao

Grupo de Estudos sobre a Filosofia de Espinosa - GEFE

que ocorrerá todas as segundas-feiras à noite (das 18:45 às 22:00) na sala do 4o. Ano de Filosofia.
O tema da primeira fase de estudos (com duração indeterminada) será:

Matemática e Medicina em Espinosa
e terá por objetivo caracterizar, de modo simultaneamente amplo e profundo, o conceito de Medicina Mentis que emerge do sistema espinosano.
O grupo é oferecido especialmente a todos os alunos da FAFIL mas é aberto a todos os estudantes da UFG que se interessem pela filosofia de Espinosa ou pelos temas abordados através de seu estudo.
Serão propostas eventuais tarefas aos participantes (sobretudo apresentações de análises de texto junto ao grupo), mas não haverá avaliações. Serão cobrados apenas empenho e assiduidade.
-
-
--
- NOTA DO PROFESSOR ACERCA DO PRIMEIRO ENCONTRO -
(Publicado em 29/02/2012)

Mais informações: clique aqui.

domingo, 22 de janeiro de 2012

Cordel: Big Brother Brasil, um Programa Imbecil

BIG BROTHER BRASIL UM PROGRAMA IMBECIL
Autor: ANTONIO BARRETO,
Cordelista natural de Santa Bárbara-BAHIA, residente em Salvador.

 BIG BROTHER BRASIL
UM PROGRAMA IMBECIL
ANTONIO BARRETO
 
Curtir o Pedro Bial
E sentir tanta alegria
É sinal de que você
O mau-gosto aprecia
Dá valor ao que é banal
É preguiçoso mental
E adora baixaria.

 
Há muito tempo não vejo
Um programa tão 'fuleiro'
Produzido pela Globo
Visando Ibope e dinheiro
Que além de alienar
Vai por certo atrofiar
A mente do brasileiro.

 
Me refiro ao brasileiro
Que está em formação
E precisa evoluir
Através da Educação
Mas se torna um refém
Iletrado, 'zé-ninguém'
Um escravo da ilusão.

 
Em frente à televisão
Longe da realidade
Onde a bobagem fervilha
Não sabendo essa gente
Desprovida e inocente
Desta enorme 'armadilha'.

 
Cuidado, Pedro Bial
Chega de esculhambação
Respeite o trabalhador
Dessa sofrida Nação
Deixe de chamar de heróis
Essas girls e esses boys
Que têm cara de bundão.

 
O seu pai e a sua mãe,
Querido Pedro Bial,
São verdadeiros heróis
E merecem nosso aval
Pois tiveram que lutar
Pra manter e te educar
Com esforço especial.

 
Muitos já se sentem mal
Com seu discurso vazio.
Pessoas inteligentes
Se enchem de calafrio
Porque quando você fala
A sua palavra é bala
A ferir o nosso brio.

 
Um país como Brasil
Carente de educação
Precisa de gente grande
Para dar boa lição
Mas você na rede Globo
Faz esse papel de bobo
Enganando a Nação.

 
Respeite, Pedro Bienal
Nosso povo brasileiro
Que acorda de madrugada
E trabalha o dia inteiro
Da muito duro, anda rouco
Paga impostos, ganha pouco:
Povo HERÓI, povo guerreiro.

 
Enquanto a sociedade
Neste momento atual
Se preocupa com a crise
Econômica e social

 
Você precisa entender
Que queremos aprender
Algo sério - não banal.

 
Esse programa da Globo
Vem nos mostrar sem engano
Que tudo que ali ocorre
Parece um zoológico humano
Onde impera a esperteza
A malandragem, a baixeza:
Um cenário sub-humano.

 
A moral e a inteligência
Não são mais valorizadas.
Os "heróis" protagonizam
Um mundo de palhaçadas
Sem critério e sem ética
Em que vaidade e estética
São muito mais que louvadas.

 
Não se vê força poética
Nem projeto educativo.
Um mar de vulgaridade
Já se tornou imperativo.
O que se vê realmente
É um programa deprimente
Sem nenhum objetivo.

 
Talvez haja objetivo
"professor", Pedro Bial
O que vocês tão querendo
É injetar o banal
Deseducando o Brasil
Nesse Big Brother vil
De lavagem cerebral.

 
Isso é um desserviço
Mal exemplo à juventude
Que precisa de esperança
Educação e atitude
Porém a mediocridade
Unida à banalidade
Faz com que ninguém estude.

 
É grande o constrangimento
De pessoas confinadas
Num espaço luxuoso
Curtindo todas baladas:
Corpos "belos" na piscina
A gastar adrenalina:
Nesse mar de palhaçadas.

 
Se a intenção da Globo
É de nos "emburrecer"
Deixando o povo demente
Refém do seu poder:
Pois saiba que a exceção
(Amantes da educação)
Vai contestar a valer.

 
A você, Pedro Bial
Um mercador da ilusão
Junto a poderosa Globo
Que conduz nossa Nação
Eu lhe peço esse favor:
Reflita no seu labor
E escute seu coração.

 
E vocês caros irmãos
Que estão nessa cegueira
Não façam mais ligações
Apoiando essa besteira.
Não deem sua grana à Globo
Isso é papel de bobo:
Fujam dessa baboseira.

 
E quando chegar ao fim
Desse Big Brother vil
Que em nada contribui
Para o povo varonil
Ninguém vai sentir saudade:
Quem lucra é a sociedade
Do nosso querido Brasil.

 
E saiba, caro leitor
Que nós somos os culpados
Porque sai do nosso bolso
Esses milhões desejados
Que são ligações diárias
Bastante desnecessárias
Pra esses desocupados.

 
A loja do BBB
Vendendo só porcaria
Enganando muita gente
Que logo se contagia
Com tanta futilidade
Um mar de vulgaridade
Que nunca terá valia.

 
Chega de vulgaridade
E apelo sexual.
Não somos só futebol,
baixaria e carnaval.
Queremos Educação
E também evolução
No mundo espiritual.

 
Cadê a cidadania
Dos nossos educadores
Dos alunos, dos políticos
Poetas, trabalhadores?
Seremos sempre enganados
e vamos ficar calados
diante de enganadores?

 
Barreto termina assim
Alertando ao Bial:
Reveja logo esse equívoco
Reaja à força do mal.
Eleve o seu coração
Tomando uma decisão
Ou então: siga, animal.

 
FIM
(Divulgado na lista do EBEM: Encontro Brasileiro de Educação e Marxismo)

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